sexta-feira, 25 de julho de 2014

Sabor de merda



Jamie Oliver, o famoso chef inglês, considerou uma merda o sabor do brigadeiro. Disse isso no programa “Saia Justa”, do canal à cabo GNT, e afirmou que o excesso de açúcar encobria o sabor da fruta. Tudo bem, ele não sabia que a sobremesa, que leva leite condensado e achocolatado em pó, não vai fruta.

Os brasileiros ficaram ofendidíssimos com o desrespeito ao doce de 74 anos, feito pelas doceiras do Rio Grande do Sul para homenagear o brigadeiro Eduardo Gomes que, depois da Segunda Guerra Mundial,  foi candidato à presidência da República e perdeu a eleição. O “brigadeiro” serviu de chamariz para arrecadar dinheiro para a campanha política, que tinha como slogan “vote no brigadeiro, que é bonito e solteiro”.

A conta do “Instagram” do chef recebeu uma série de xingamentos por ele ter criticado, de maneira bem desrespeitosa um dos mais adorados sabores brasileiros. Alguns falam até em boicotar a o restaurante “Jamie’s Italian”, em São Paulo, com previsão para ser inaugurado no final do ano. Mas não foi só o brigadeiro que não agradou o paladar de Oliver. Ele também esnobou o beijinho e o quindim, mas aprovou o caldo de cana e o açaí.


Mas, para Jamie Oliver, durante 74 anos comemos merda e... sinceramente, quem precisa da aprovação de um gringo? Muitas vezes, é preciso jogar para escanteio esse complexo de vira-latas e valorizar o que é nosso! Falando em escanteio, depois do vexame dos sete a um na Copa do Mundo, não somos mais o “País do Futebol”. Foi para a Alemanha. O que será de nós?

quinta-feira, 24 de julho de 2014

50 Tons de Breguice





Não consegui passar do primeiro capítulo de "50 Tons de Cinza" e confesso que não foi má vontade, eu realmente tentei. Mas não consigo embarcar em uma história feita milimetricamente para arrebatar mulheres que, em sua maioria, estão insatisfeitas com o que têm em casa. Mais honesto seria procurar pornografia na internet. O "pornô soft" proposto pela autora, E. L. James, é uma espécie de hipocrisia. Quem lê, ou quem assiste, vê com o intuito de se excitar. Quer ver bunda do autor, peitinho da atriz e nu frontal de ambos. Dizer que assiste só para criticar repete a mesma fórmula de comprar a revista PLAYBOY pela entrevista.

Há, nesta fórmula literária, os dois lados da moeda. Gente que não lia e passou a se interessar por leitura, de baixa qualidade, mas quem nunca? O que me incomoda é o segmento que isso abre. A saga "Crepúsculo"gerou vários livros de vampiros românticos defendendo adolescentes indefesas. Harry Potter rivalizou com o Artemis Fowl e vários outros que não "pegaram". O "erótico" "50 Tons..." (quem não viu uma mulher de meia idade lendo um dos volumes da série no transporte coletivo?) gerou vários outros romances com títulos bregas e capas metidas a sensuais. Mas é tão brega quanto o trailer do filme, que acaba de ser lançado. Ultrapassa, inclusive, todas as tonalidades da breguice. E a versão de "Crazy In Love" da Beyoncé, para o filme, torna tudo ainda mais patético.

Ordem, progresso e irrelevância



Em comunicado distribuído na noite da última quarta (23), o Itamaraty condenou o “uso desproporcional da força” por parte de Israel, na operação militar na faixa de Gaza,  citando o “elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças” como consequência dos ataques israelenses. Mas não fez menção alguma às agressões contra israelenses feitas por palestinos.

O governo brasileiro ainda chamou o embaixador de Israel, Rafael Eldad, e convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Henrique Pinto, para Brasília, expressar seu protesto. A resposta veio na velocidade da internet, quando a diplomacia israelense acusou o Brasil de dar “suporte ao terrorismo”, afirmando que “naturalmente”, isso afeta “a capacidade do Brasil de exercer influência”. “Israel espera o apoio de seus amigos na luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países ao redor do mundo”, conclui.


Para o jornal Folha de S.Paulo, o comportamento do Brasil, de acordo com a Chancelaria de Israel, “ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante”. 


Autor do texto, que contou com o aval da presidente Dilma Roussef, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo disse que a “discordância entre países amigos é natural”. Do Itamaraty, a turma do deixa-disso acredita que a presidente deve evitar um "bate-boca". Outros, que ela deve responder à altura. Enérgica, como dizem ser com os seus subordinados.
 

Pelo direito de Lisa Kudrow envelhecer



“Friends” completou 20 anos e há uma espécie de delay sabático entre eu e esta série. Porque mal acabei de assistir a primeira temporada, não sabia quem eram os atores do seriado, com exceção da onipresente Jennifer Aniston que, por algum motivo, foi escolhida pela mídia a ponto de eu saber que ela existia. Para uma época sem internet, como foi a minha adolescência, sem TV à cabo, saber quem era a estrela de um seriado é porque a mulher é famosa demais. Tudo bem, ela também era noiva do Brad Pitt, que estava no auge. 

A questão é que tinha uma lacuna com "Friends", que vi na adolescência, quando ainda passava no SBT e detestei. Talvez porque não fazia parte de meu universo aquele universo de adolescente.Mas eu sentia que havia uma lacuna, uma espécie de pazes que eu deveria fazer com o seriado. Vi e gostei. Não por achar engraçado, quase nunca acho, mas gosto das historinhas: em 20 minutos de cada episódio acontece muita coisa.

E o que me chamou a atenção foram matérias mequetrefes, em vários veículos de grande porte, falando sobre as rugas de Lisa Kudrow. Famosa por interpretar Phoebe Buffay, a personagem sem noção do seriado.  No Showtime Annual Summer Soiree, que aconteceu no final de semana em Hollywood, ela teve a “pachorra” de exibir o rosto e o pescoço enrugados! Das duas uma: ou o nível das pessoas que trabalham com a imprensa de entretenimento precisa melhorar demais, ou uma mulher não pode mais envelhecer.

Principalmente a Phoebe de “Friends”. Aliás, mesmo com 51 anos, ela deve manter a aparência que tinha, aquela que a deixou conhecida, de 20 anos atrás.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Quando o verdão virou azulzinho


Se foi um legado bom ou ruim, eu não sei. Mas a Copa do Mundo 2014 me deixou, digamos, interessado em futebol. E isso é estranho, porque até ontem eu dizia que torcia pelo Santos F.C. para não ficar aquele silêncio chato. Mas agora me vejo discordando da escalação do Dunga como técnico da seleção brasileira, me emocionando com a contratação do colombiano James Rodríguez, autor do jogo mais bonito do Mundial, como o novo camisa 10 do Real Madrid, torcendo para o Robinho aceitar um salário menor e ficar um tempo no alvinegro praiano, e me revoltando com a camisa do centenário do Palmeiras sendo... AZUL! Acredite, isso é horrível.

Tudo bem querer homenagear as origens com a camisa "azurra", em deferência às origens do Palestra Itália, o primeiro nome do time brasileiro. O verdinho ficou só no detalhe. Para homenagear as origens, eles esqueceram toda a trajetória. Não gostei. E tem nêgo dizendo que a camisa provavelmente será manchada com mais um rebaixamento do clube, já que no Brasileiro, o Verdão vai de mal a pior...

Sobre morte, sexo, maldade, política, jardinagem, Chicó e João Grilo


O que você precisa saber sobre mim é que sou um jovem senhor de 31 anos cujo nome tem significado de guardião da sabedoria, ou ancião. Logo, eu sou um jovem velho cuja contradição é carregar entre os significados do nome um nome de sábio e ter rompantes de imaturidade, como qualquer cara da minha idade que já não é tão jovem, mas não tem idade suficiente para ser chamado de velho, como pontua aquela contemporânea canção da Sandy.Mas é um blog sobre tudo e sobre nada. Sobre literatura, música, filmes ou o que eu quiser falar.É sobre o que eu vejo e o que quero que você veja, concordando ou discordando. É sobre eu e sobre você. De senhor para senhor e senhora contemporâneos.

E começar o blog falando de morte mostra outra pequena contradição. A morte não é o fim de tudo, principalmente para escritores, os imortais. Sexta, 18 de julho, morreu João Ubaldo Ribeiro, autor de um pequeno clássico para mim, “A Casa dos Budas Ditosos”, de 1999, que integrava a coleção “Sete Pecados” da editora Objetiva. Se fosse para indicar uma leitura, entre tantas, seria a deste livro e “Diário do Farol”, de 2002, que tem como foco a maldade. A maldade e o sexo compõe, para mim, as obras mais representativas deste homem, conhecido pela simplicidade, gentilezas sinceras e um sorriso aberto. Escritores deveriam ser proibidos de fumar ou beber, ou talvez isso prejudicasse o talento deles, então melhor deixar como está. Foi enterrado no sábado, dia 18 de julho, no mausoléu da ABL - Academia Brasileira de Letras, talvez a maior honraria para um escritor.



Sábado, dia 19 de julho, às 11h50, no Hospital Centro Médico de Campinas, foi a vez do escritor Rubem Alves, alguém que nasceu para transmitir sabedoria e conhecimento. Em seu texto “Sobre a Morte e o Morrer”, disse: "permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria". Alguns diziam que era muito mais que escritor, era um sábio, um filósofo que compartilhou textos, experiências e caminhos para sermos felizes e entendermos um pouco mais da vida. Ele era uma das referências do país em temas relacionados à educação. Além de educador e escritor, cronista, pedagogo, poeta, filósofo, contador de histórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros infantis e psicanalista.

Sobre ele, seria leviano destacar alguma coisa, pois não conheço a obra, mas um amigo indicou o texto "Sobre Política e Jardinagem", que conheceu logo que entrou na faculdade, que o marcou demais. Para quem tiver um tempinho, e até quem não tiver, vale a pena acessar clicando aqui.

Agora, vem a notícia de que Ariano Suassuna acabou de falecer. Apesar da torcida, a padroeira permitiu que o autor de “O Auto da Compadecida” fosse levado por um AVC. Há de se compreender, embora seja difícil aceitar. Aliás, 2014 não está sendo um ano fácil para a literatura brasileira. Mas, como político Cristovam Buarque: “Um dia João Ubaldo no outro Rubem Alves e o mundo insiste em prosseguir”.